3 de ago. de 2009

Paula, 2008

O "Outubro" de Marx
João Antonio de Paula
Nova econ. vol.18 no.2 Belo Horizonte May/Aug. 2008
(Embora interessante, não serve muito para a tese. É uma análise de O Capital)

O capital tem sido visto como reposição do tema da "odisséia", como "ersatz" de um "romance de formação". Cessam aqui as analogias. Ao fim e ao cabo, enquanto na "odisséia" e nos "romances de formação" o tema da jornada é o apaziguamento do herói, sua reconciliação consigo mesmo em O capital, não há possibilidade de solução que não seja a destruição não só do "herói problemático", a mercadoria, e de todas as formas de sua presentificação (valor, dinheiro, capital), bem como das instituições que o engendram e lhe dão suporte: o Estado burguês, a propriedade privada, as classes sociais, a divisão do trabalho e o trabalho alienado.
(...)
É nessa carta de 29 de novembro de 1858 que aparece, pela primeira vez, a Mercadoria como ponto de partida da "Crítica da economia política". Tal inovação na exposição, a substituição do VALOR pela MERCADORIA é mais que uma questão de estilo, de forma no sentido trivial do uso da palavra. É uma REVOLUÇÃO, é, de fato, o "Outubro" de Marx, a definitiva complementação de sua superação da economia política clássica. Começar com a MERCADORIA significa não só superar os termos da exposição de Adam Smith e Ricardo, do melhor da economia política, como colocar a superação da forma mercadoria, do capitalismo, enfim, como objetivo indescartável da crítica da economia política, do pensamento e da prática do marxismo.